24 de abr. de 2010

CONEG: Por uma política democrática de comunicação para o Brasil

Ao meio-dia de sexta-feira (23), aconteceu uma das principais mesas de debate da 58º Conferência Nacional das Entidades Gerais (CONEG), a de democratização da imprensa brasileira.

Os convidados, mediados pelos presidente e vice-presidente da UNE, Augusto Chagas e Tiago Ventura, foram:

Altamiro Borges, jornalista do Portal Vermelho;
Renato Rovai, jornalista Revista Fórum;
Regina Lima, presidente da Associação Brasileira de Emissoras Públicas Educativas e Culturais;
Tereza Cruvinel, Presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC); e
Arthur William, representante do Intervozes.


Confira a matéria de Sandra Cruz, assessora de comunicação da UNE:

Na mesa de discussão estavam Arthur William, do Intervozes, Tereza Cruvinel, presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). Regina Lima, presidente da Associação Brasileira de Emissoras Públicas Educativas e Culturais (ABEPEC), Renato Rovai, editor da Revista Fórum e Altamiro Borges, jornalista do Portal Vermelho. Contou com a participação ainda de Gabriela, do jornal A Verdade. Tiago Ventura e Augusto Chagas, presidente e vice-presidente da UNE mediaram as intervenções.


Os estudantes que lotaram o auditório do prédio da reitoria da UFRJ ouviram e discutiram com os convidados o papel da mídia e como ela se comporta hoje; os canais de comunicação alternativos, sua importância, a batalha que rádios e TVs comunitárias travam para conquistar mais espaço por conta dos entraves burocráticos existentes; a regulamentação dos meios de radiodifusão, as novas tecnologias e, entre outros temas polêmicos, o poder da mídia na disputa eleitoral deste ano.

Altamiro Borges ressaltou que a capacidade de interferência dos grandes veículos de comunicação na opinião pública é imensa, “a mídia será um instrumento importante de batalha nesse ano eleitoral”, afirmou, defendendo que um desafio da comunicação é estimular o senso crítico do público.


A capacidade de escolher conteúdos, discordar e formar opiniões a partir das próprias experiências faz mesmo a diferença quando vivemos nessa era da informação. “Hoje, todos podemos ser comunicadores, nessa comunicação em rede”, exemplificou Rovai, contando a história da chegada da internet no Brasil, e o quanto ela tem mudado nossas vidas, contribuindo para a notoriedade e reputação das pessoas que passam a ser imediatamente conhecidas quando lançadas ‘na rede’. “Ter os modelos público e privado de comunicação é fundamental para a democracia”, disse, sendo importante lembrar, ressaltou, que vinda do latim, a palavra “comunicação” tem o sentido de partilha. “É nessa comunicação que acredito e defendo que a comunicação pública vai contribuir”.


Tereza Cruvinel, ex-jornalista de O Globo, contou sua luta desde que “saiu de uma posição confortável e aceitou o convite de Lula” para construir a EBC. “Temos clareza de que fazemos história e estamos mudando o patamar das comunicações no Brasil”, declarou a presidente da Empresa Brasil de Comunicação. Adepta às novas tecnologias, elencou as vantagens que elas devem trazer à comunicação pública. “A TV não é mais a mesma. As mídias devem convergir e ser tecnologia de ponta. Nosso olhar tem que ser para o digital, pois a comunicação só será equilibrada nesse sistema”. Para a jornalista, o movimento estudantil deve agregar como suas bandeiras no Projeto Brasil: a defesa do plano nacional de banda larga; o compromisso de manutenção da EBC com marco regulatório e a implementação das propostas da Confecom (Conferência Nacional de Comunicação). “Pensemos a comunicação como um item de consolidação da democracia”, recomendou.


Digitalização também foi abordada por Arthur William, do coletivo de comunicação Intervozes, que mencionou o rádio como emissor. “O debate das rádios digitais está aí e os estudantes podem e devem participar”, provocou. Em sua fala, William explicou os difíceis e burocráticos processos que estão por trás da iniciativa de se criar uma emissora – TV ou rádio – comunitária, contou ainda o histórico da TV no Brasil, cuja regulamentação está extremamente ultrapassada – datada dos anos 60 -. “O ano de eleição é momento de se debater a comunicação”, opinou.


Esse 2010 será de grandes desafios para os defensores de uma comunicação livre e democrática, antecipou Regina Lima, da ABEPEC. “O momento não é fácil para que essa discussão entre na pauta. Mas estou feliz de estar aqui e ver que os jovens estão atentos”, comentou a professora da UFPA que é também presidente da TV Cultura do Pará, emissora pública que enfrentou disputas com emissoras cuja principal preocupação nunca foi educar ou formar. E esse seria sim papel da mídia, a formação de cidadãos críticos.


“É seu papel a formação e informação das pessoas na disputa ideológica”, alertou Altamiro Borges, lamentando que o perfil da mídia seja feudal e que exista ainda a propriedade cruzada nesse meio (o principal rádio, jornal e TV são de um mesmo dono na cidade/estado/região). “Há país em que isso é proibido. Essa é uma questão que nunca foi regulamentada aqui. No Brasil, confunde-se ‘liberdade de imprensa’ com ‘liberdade de empresa’”, desabafou e comemorou a iniciativa da UNE em promover o fórum de debates. “o 58º CONEG pode ser histórico nesse ano eleitoral”, declarou esperançoso.


Fotos, por Anne Galvão:


Debate acerca de uma política democrática de comunicação


Tereza Cruvinel, presidente da Empresa Brasileira de Comunicação


Renato Rovai, jornalista Revista Fórum


Altamiro Borges, jornalista do Portal Vermelho


Debate


Arthur William, representante do Intervozes


Regina Lima, presidente da Associação Brasileira de Emissoras Públicas Educativas e Culturais;


Representante do Jornal A Verdade

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